O Bairro do Méier no Rio de Janeiro
No século XVIII, a região hoje denominada de Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era um grande mar verde de cana-de-açúcar pertencente aos jesuítas. Em 1760, o Marquês de Pombal expulsou a Ordem do Rio de Janeiro devido a desentendimentos e as terras foram divididas em três partes. No início do século XIX, uma dessas partes, o Engenho Novo, abrigava a Quinta dos Duques, de José Paulo da Mata Duque Estrada. Sua filha, Jerônima, casou-se com o comendador Miguel João Meyer, português descendente de alemães, o “guarda-roupas do Paço”. O primogênito do casal, Augusto, se tornaria mais tarde acompanhante e inclusive amigo de D. Pedro II, tendo sido conhecido como o “camarista Meyer”, por ter acesso direto às câmaras do palácio. Em 1884, o imperador doou-lhe terras que iam desde a Estrada Grande (hoje Rua Dias da Cruz) até a Serra dos Pretos Forros.
Foi o camarista Meyer que deu nome ao bairro Méier, forma como os brasileiros aportuguesaram o sobrenome alemão. O camarista abriu várias ruas em suas terras, denominando-as com os nomes de seus parentes. Um início de vida urbana surgiu ali, ainda que de forma simples, principalmente ao longo da Estrada de Ferro D. Pedro II, inaugurada em 1858, mas que não tinha parada nas terras de Méier. Foi só em 1889, quando os filhos do já falecido camarista cederam terrenos para a ferrovia construir uma estação em seus domínios, que chegaram os trens. Em troca da doação, exigiram que a estação se chamasse Estação Méier.
Com os trens, as terras se valorizaram imensamente e ocorreu um célere processo de urbanização. Hoje o Grande Méier é quase uma cidade dentro da cidade e engloba, além do Méier, mais 18 bairros, totalizando 600 mil habitantes. É polo econômico, comercial e industrial do subúrbio carioca. Aqui se encontra o moderníssimo Estádio Olímpico João Havelange, o famoso Engenhão, que também será palco das provas de atletismo nas Olimpíadas de 2016.
